Outubro é o mês do
Halloween, por isso, a personalidade do mês foi escolhida a dedo para
vocês. Neste mês das bruxas, trouxemos um escritor de contos e novelas
de terror e fantasia.
Arthur Machen era galês, escritor, jornalista e também ator. Nasceu no dia 3 de outubro de 1863, no país de Gales, em Caerlson-Usk. Seu nome verdadeiro era Arthur Llewellyn Jones. Filho de Janet Robina Machen e do pastor anglicano John Edward Jones, vigário de Llanddewi, local rodeado de sítios arqueológicos celtas e romanos, uma região bucólica que tornaram o jovem Arthur um moço solitário e apaixonado pela história e literatura, matérias que Arthur estudou na escola da catedral de Hereford.
Por causa da situação financeira precária de sua família, Arthur não pôde cursar um curso superior, assim, após a morte de sua mãe, Arthur adotou o nome de solteira de sua mãe, Jones-Machen e se mudou para Londres com a intenção de tornar-se jornalista. Ele viveu em grande pobreza, trabalhando como caixeiro em uma livraria, na tentativa de ser reconhecido como escritor. Publicou suas primeiras obras antes de seus 20 anos, entre elas, o poema Eleusinia (1881). Para sobreviver, Arthur trabalhou também como catalogador, tradutor e redator, contribuindo para a revista Walford’s Antiquariam.
Em 1887, o pai de Arthur faleceu, deixando para ele uma boa herança e permitindo que ele se dedicasse a escrever. Publicou suas primeiras narrativas, O grande deus Pan e The Immost Light, em 1895.
Em 1899, Amy Hogg, a primeira esposa de Arthur, faleceu de câncer. Sofrendo de profunda depressão, Arthur deixou de escrever e tornou-se um ator itinerante. Em 1901, Arthur se uniu ao grupo teatral de Frank Benson, conhecendo sua segunda esposa, Dorothy Purefoy Hudleston - com quem teve duas filhas, Hilary, nascida em 1912, e Janet, nascida em 1917. No período em que esteve com a companhia de teatro, Arthur adotou uma vida boêmia completamente diferente de seu estilo de vida, tornando-se excêntrico e extrovertido. Permaneceu na companhia de teatro até 1909, quando terminou de gastar toda sua herança e voltou a viver na miséria, sendo ajudado por amigos e admiradores. Durante a Primeira Guerra Mundial, o escritor tornou-se conhecido por jornalista correspondente do jornal London Evening News, para o qual escrevia relatos da guerra. Depois passou a se corresponder com os jornais norte-americanos Daily Mail, Evening News e para o The Academy.
Um fato curioso sobre Machen é que ele era membro da “Ordem Hermética da Aurora Dourada”, a malfadada sociedade de magia do século 20, juntamente com A. E. White, Aleister Crowley e William Butler Yeats.
Arthur Machen é um dos grandes escritores de fantasia e terror, suas obras eram admiradas por outros nomes, como Peter Straub e H. P. Lovecraft, que classificou Machen como um dos quatro grandes mestres da literatura de sobrenatural, juntamente com M. R. James, Algernon Blackwood e Lord Dunsany. A obra favorita de Lovecraft era o “Povo Branco”.
Arthur Machen faleceu em Beaconsfield, no dia 30 de março de 1947, aos 84 anos. Das obras literárias de Arthur Machen, destacam-se O grande deus Pan (The Great God Pan), de 1890; O povo branco (The White People), de 1904; e Os arqueiros (The Bowmen), de 1915. De suas novelas, destacam-se: Crônica de Clemendy (The cronicle of Clemendy), de 1888, Os três impostores (The three imposters), de 1894; A colina dos sonhos (The hill of dreams), de 1904, uma obra com recortes autobiográficos; Fragmentos da vida (A fragment of life), de 1904; A glória secreta (The secret glory), de 1907; O Regresso (The great return), de 1915, que é considerada a mais célebre de suas obras; O Terror (The Terror), de 1917; e A ronda verde (The green round), de 1932.
Além desses, Machen escreveu ensaios, traduções e textos autobiográficos.
O Terror, também
chamado de Horror, é um gênero
literário, cinematográfico ou musical, que está sempre muito ligado à ficção e à
fantasia. O Terror também pode ser verificado na pintura, no desenho, na
gravura e fotografia.
A abstrata ideia de terror ou o ato
de transmitir o sentimento de terror ou horror pode ser verificado em todas as
formas de arte. Nas últimas décadas, especialmente a partir dos anos de 1990,
até os dias de hoje, o gênero também compreende um estilo de desenvolvimento de
jogos eletrônicos.
Nesse mês do Halloween, fizemos uma
edição especial extra do Miliopã com Gengibirra com uma homenagem a esse estilo
cinematográfico, contando um pouquinho da história desse gênero.
As
histórias de terror sempre fizeram parte do imaginário do ser humano; o prazer
em sentir medo e a arte de infligi-lo possuem no cinema uma manifestação
extremamente popular: entre as quatro paredes da sala escura, assistir a um
filme de terror tornou-se uma atividade totalmente dissociada de qualquer outro
gênero cinematográfico; quem está lá sabe bem quais sensações encontrará.
Os
filmes de terror possuem uma estética peculiar, em que os aspectos técnicos,
como iluminação e trilha sonora, têm uma maior importância na composição do
suspense, contribuindo para que o espectador seja induzido à apreensão, tendo
as mais diversas reações, desde um fechar os olhos, um aperto no braço do
acompanhante (para o mais medrosos) até a ingestão compulsiva de pipocas (para
os mais sádicos).
Mansão do Diabo
Um
bom filme de terror é aquele que consegue expressar convincentemente a
contraposição entre o tradicional e o original, ou seja, o bom e velho susto, e
a surpresa envolvida nesse susto. A história dos filmes de suspense está ligada
à história do cinema: desde os primeiros filmes mudos até os efeitos especiais
utilizados hoje em dia. O
interessante é que para os fãs do terror, quanto maior o susto, quanto maior o
incômodo, melhor será nosso julgamento a respeito do filme.
O
primeiro filme de terror foi um curta de Georges Méliès, chamado Le Manoir du Diable (A mansão do Diabo),
de 1896. O filme de Méliès tem quatro minutos e conta a história de um
cavaleiro atormentado por ilusões após entrar na casa do diabo.
Outro
responsável pelos primeiros sustos foi o Gabinete
do Dr. Caligari, do alemão Robert Wienne, de 1919, que junto com Nosferatu, de W. Murnau, de 1922, seriam
referências para todo o gênero de horror produzido depois, devido em grande
parte à atmosfera sobrenatural e gótica.
Assista ao A Mansão do Diabo
Lon Channey como o Fantasma da Ópera
Nos
primeiros anos do cinema, os estúdios tinham alguma relutância em produzir
filmes de terror. O nome que mais fomentou o estilo foi o ator Lon Channey,
conhecido como “o homem de mil faces”, por interpretar diversos personagens na
década de 1920, como O médico e o monstro,
de 1920, O corcunda de Notre Dame, de
1923, e O fantasma da Ópera, de 1925.
As interpretações magistrais de Channey renderam fãs ao gênero do terror.
Assista ao filme completo de O fantasma da Ópera
Lugosi como Drácula
Karloff como o monstro de Frankenstein
A partir da década de 1930, os filmes de horror
passaram a se inspirar em lendas europeias e histórias sobre vampiros, múmias,
cientistas loucos, homens invisíveis, lobisomens e aristocratas insanos, tendo
como referência os clássicos de Bram Stoker e Mary Shelley. Dois grandes nomes
se destacam nesse período: Bela Lugosi e Boris Karloff.
Assista ao Fantasma Invisível, com Bella Lugosi (completo e legendado)
Assista aO zumbi, com Karloff, de 1933 (completo e legendado)
Com
a crise financeira da década de 1930 e depois com a Segunda Guerra Mundial, o
horror da guerra passou a fazer parte do dia a dia das pessoas, fazendo com que
os sustos no cinema deixassem de arrepiar as pessoas. Algumas obras são
representativas desse período, como King
Kong e O homem
invisível, inspirado na obra de H. G. Wells, ambos de 1933, A múmia, de 1932, O retrato de Dorian Gray, de
1945, inspirado no livro de Oscar Wild.
A
década de 1950 marcou a volta do horror às telonas, explorando personagens
clássicos em filmes baratos que abusavam da sensualidade e da cor. O principal
nome desse período é Christopher Lee, cuja interpretação de Drácula, de 1958, Dr. Franskenstein, A maldição
de Franskenstein, ambos de 1957, tornaram o ator um ícone do gênero.
O
período de Guerra Fria trouxe a temática científica para o gênero do terror,
com bolhas radioativas, animais modificados por radiação, experiências em seres
humanos que resultam em
monstros. Assim, os filmes de terror tornaram-se os
preferidos dos jovens e dos adolescentes. Foi nesse cenário que surgiu um
visionário do estilo: Roger Corman, com seu clássico A pequena loja dos horrores, de 1960.
Corman
revelou que era possível assustar muito gastando pouco. Esse filme ainda é
legendário por trazer o iniciante Jack Nicholson em uma participação pequena,
mas representativa. Corman ainda foi o responsável pela estreia de vários
importantes atores e diretores, como Robert De Niro, Martin Scorcese, Peter
Bogdanovich e Francis Ford Coppola. Este último, aliás, teve seu primeiro filme
produzido por Corman nessa época, a história de horror Dementia 13, de 1963.
A década de 1960 foi fértil e produtiva para o
terror, em especial devido às produções de Alfred Hitchcock, cujos filmes são todos
clássicos cultuados pelos fãs do gênero do horror. Outro nome cultuado é George
Romero, que produziu em 1968 o copiado, refilmado e plagiado Noite dos mortos-vivos. Além
desses dois, destaca-se Roman Polanski, que se tornou um bem-sucedido diretor do
gênero, em especial depois de seus filmes Repulsa
ao Sexo, de 1965, A dança
dos vampiros, de 1966 e O
bebê de Rosemary, de 1968.
Veja A noite dos Mortos-vivos, de 1968 (completo e legendado)
No
Brasil, o maior nome do gênero é o aplaudido e cultuado diretor José Mojica
Marins, conhecido como Zé do Caixão. Seus filmes não possuem a técnica
cinematográfica de Hollywood, mas com criatividade o diretor conseguiu produzir
grandes obras como À meia-noite
levarei sua alma, de 1964, Esta
noite encarnarei no teu cadáver, de 1966, e O despertar da besta, de 1969. Durante a ditadura
militar, Zé do Caixão foi perseguido e seus filmes censurados e para sobreviver
o diretor se obrigou a filmar diversos títulos de sexo explícito. Atualmente, seu
gênio foi reconhecido internacionalmente, rendendo fãs aos seus filmes.
Veja o filme completo: Esta noite encarnarei no teu cadáver
A
partir dos anos 1980, o gênero do terror se tornou bastante fértil com uma
produção de vários títulos emblemáticos e importantes. Seria muito chato listar
todos aqui, portanto, falaremos apenas dos mais importantes: Steven Spilberg,
com seus famosos Encurralado,
de 1972, Tubarão, de
1975, Poltergeist, como
roteirista e produtor; John Carpenter, que influenciou diversos diretores com
seus filmes de assassinos impiedosos e misteriosos; os livros de Stephen King,
que viraram versões cinematográficas antológicas nas mãos de diversos diretores,
como Brian de Palma e Stanley Kubrick; David Lynch, que é um diretor genial do
gênero, embora incompreendido; Wes Craven, que ficou famoso com seu assustador Freddy
Krueger; David Cronenberg, que dirigiu filmes cultuados, como Filhos do Medo, de 1979, Scanners, Sua Mente
Pode Destruir, de 1981, A Hora da Zona Morta,
outra adaptação de Stephen King, de 1983, Videodrome – A Síndrome do Vídeo, de 1983, A Mosca,
refilmagem de A Mosca
da Cabeça Branca, de 1986 e Gêmeos – Mórbida Semelhança, de 1988. E não podemos nos esquecer do grande Tim Burton, que traz o horror mesmo em desenhos animados tidos como infantis, como Os fantasmas se divertem, de 1988, O estranho mundo de Jack (The Nightmare Before Christmas), de 1993, Ed Wood, de 1994, A
lenda do cavaleiro sem cabeça, de 1999, A noiva cadáver, de 2005.
Johnny Deep, como Ed Wood, e Martin Landau, como Bella Lugosi, no filme
de Tim Burton em homenagem a esse diretor da década de 1930
Antes
de terminar o assunto, lembramos que nos últimos anos os aficionados por filmes
de terror foram agraciados pelos filmes asiáticos, que são perturbadores,
envolventes e mesmo sem os efeitos especiais dos filmes de Hollywood, são
assustadores e incomodam pelo susto e principalmente seu aspecto psicológico.
A
qualidade do terror asiático é indiscutível, tanto que os estúdios
norte-americanos se renderam a eles fazendo diversas refilmagens. Entre eles,
destacam-se os japoneses O chamado
(Ringu), de 1998, que foi refilmado nos Estados Unidos com o título de The Ring ; O Grito (Ju-On), de 2002; Uma chamada perdida (Chakushin Ari), de 2003, refilmado com o
título de One Missed Call, Almas
reencarnadas (Rinne), de 2005; o coreano O mistério das duas irmãs (Janghwa, Hongryeon), de 2003, que conta
com uma refilmagem norte-americana bastante interessante, com o mesmo título do
original; o tailandês Espíritos, a morte
está a seu lado (Shuter), de 2004; e o chinês O olho (Jiaàn Guí/a), de 2002, refilmado com a belíssima Jéssica
Alba como protagonista.
Agora, basta escolher algum desses títulos
sugeridos, abrir seu pacote de Miliopã, colocar uma Gengibirra gelada no copão
e curtir alguns sustos. Bom divertimento!!!