por Tathy Zimmermann
Obra escolhida para o Desafio Literário de Abril
Autor: Ray Bradbury
Editora: Globo
Ano: 2012
páginas: 256
Fahrenheit 451 realmente foi um livro que mexeu comigo!
Em um desses testes bobinhos que
circulam pelo Facebook, para verificar qual livro você seria, meu resultado deu
esse livro. Em princípio fiquei curiosa, mas ao começar a ler, não conseguia
mais parar.
Segundo o próprio autor, esse
livro foi escrito em umas poucas horas, na Biblioteca da Universidade da
Califórnia, que alugava as máquinas de escrever a 10 centavos por hora. Por ser
uma obra escrita de forma tão rápida, à primeira impressão pode parecer um
livro pouco profundo, mas é um livro que critica severamente a sociedade
americana no auge da Guerra Fria. O livro, um romance distópico de ficção
científica, foi publicado pela primeira vez em 1953 e nele vemos uma sociedade
na qual ser intelectual é crime, as bibliotecas foram queimadas e ter opiniões
próprias é uma atitude subversiva.
Um governo totalitário, num
futuro incerto, que mantém a sociedade manipulada pelos meios de comunicação:
as rádio-conchas – uma espécie de fone de ouvido – que transmite
initerruptamente pensamentos para que as pessoas não precisem pensar por si
mesmas; e, uma espécie de telão, onde programas televisivos e interativos
mantém as pessoas alienadas da própria realidade. Esse ponto do livro lembrou
muito os atuais reality shows e a
nossa sociedade. As pessoas não conseguem ter conversas profundas, devaneios,
ou não se propõe mais nenhuma espécie de reflexão sobre a vida, apenas comentam
as coisas faladas nas rádio-conchas e os programas apresentados no telão.
Mildred, a esposa do protagonista do livro, Guy Montag, chega ao absurdo de ter
três telões na sua sala, para poder participar ativamente dos programas,
recebendo roteiros do que deve ser dito, sem pensar no por quê de dizer aquelas
frases, mesmo assim, fica extasiada com a ideia – assim como ela, as pessoas
dessa sociedade passam a chamar os personagens dos programas de “família”.
Montag é um bombeiro, que sente
prazer com sua profissão, que não é a de apagar incêndios, uma vez que as casas
são anti-incêndio, mas sim queimar os proibidos livros. O título do livro é uma
referência a isso, 451 graus Fahrenheit é a temperatura da queima do papel,
equivalente a 233 graus Celsius. Porém a vida de Montag muda quando ele conhece
Clarice McClellan, uma menina de 16 anos que se autointitula “louca” por não
ver televisão e por olhar e questionar o mundo. Em contato com essa menina,
Montag começa a mudar sua perspectiva e muitas coisas poderão acontecer.
Através dos anos, o romance foi
submetido a várias críticas e interpretações. o Autor, Roy Bradbury, afirma que
foi a expressão de um apaixonado por livros e bibliotecas, declarando que não é
contra a televisão ou os meios de comunicação de massa, apenas que esses destroem
o interesse pela leitura. entretanto, nas entrelinhas de seu livro pude
perceber muito mais que isso. A massificação da educação, formando cidadãos que
sabem mexer com alta tecnologia, é capaz de construir máquinas avançadas, mas
não mais se importam com o pensamento crítico. A crítica a uma sociedade onde
os confortos modernos e o lazer proporcionado pelos programas televisivos,
acabam por denegrir a imagem daqueles que preferem ler, questionar e conversar
sobre suas reflexões. Apesar de o livro estar completando 61 anos, ele é ainda
muito atual. Vale a pena ser lido!
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