segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Projeto Lendo o Mundo: Brasil

A bolsa amarela conta a história de Raquel, uma menina com uma criatividade incrível e que possui 3 grandes vontades: a de ser menino, a de crescer e a de ser escritora. Essas são as maiores vontades dela e que quer esconder de qualquer jeito, para ninguém ver. Eis que um dia ela "ganha" a Bolsa Amarela. Aí sim, ela carrega suas vontades escondidinhas e tudo o mais que quiser... Problema que ela briga com os sentimentos e tenta sufocar suas vontades, que crescem de acordo com fatos de sua vida cotidiana, e quando crescem a bolsa pesa mais e mais.
Ela luta, busca ideias, mistura mundo fantasioso e real, e segue rumo ao seu amadurecimento.


O primeiro país escolhido para participar do Projeto Lendo o Mundo é até meio óbvio. Mas como eu sou uma pessoa que normalmente fujo da literatura brasileira, não sei se por trauma do colégio ou sei lá, mas quase não leio mesmo, então resolvi começar com o Brasilzão!

A escolha pelo livro escolhido acabou condizendo também com outro desafio que estou participando, em que eu teria de ler um livro "que não li na época da escola". A bolsa amarela ficou grudada em mim por anos a fio, sempre encontrava alguém que ficava chocado por eu nunca ter lido este livro e sempre fazia milhões de comentários a respeito. Acabava me sentindo mal...

Então, comecei 2015 decidida, e abracei A bolsa amarela e as aventuras que Raquel tinha para me contar. O que mais gostei da obra foi a linguagem usada. Lygia Bojunga é muito "maneira e supimpa" com os termos, especialmente este livro por ter sido publicado em 1976 e ter sua 17ª edição (a qual eu li) com as mesmas gírias.
Realmente não quiseram atualizar, e isso achei bacana, embora em pleno 2015 alguns alunos de 5ª série/6º ano possam achar estranho alguns termos como: transa = negócio... (nem sei se esse livro ainda é indicado pelos professores nas escolas como "leitura obrigatória", mas vale a pena indicá-lo para os jovens leitores).

O que mais curti ao ler o livro só agora, uns 20 anos depois do que o planejado, é que me senti muito solidária a Raquel. Uma criança super criativa e imaginativa, mas que era sempre ignorada, zoada ou deixada de lado pela família. Também deu a entender que não tinha muitos amigos. Isso acabou me despertando aquele instinto maternal, de querer abraçar e ouvir todas as histórias que ela quisesse me contar; e ao final ainda dizer: "Não se preocupe, Raquel. Todos têm uma fase difícil, alguns mais cedo, outros mais tarde. Mas todos, algum dia da vida, já se sentiu deslocado!"

É válido lembrar que quando Lygia escreveu este livro, o Brasil ainda passava pela onda da ditadura e muita opressão à liberdade de expressão ocorria. O que nos faz compreender algumas atitudes da família de Raquel quanto às suas histórias.

E, por fim, uma mensagem que Lygia Bojunga deixou para nós, leitores, que devemos levar adiante: 

"Não deixe ninguém costurar seus pensamentos"

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