sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Resenha: Contos e Lendas dos Irmãos Grimm


Volume I
Editora: Jacomo
Ano:  1970
páginas: 123



Ao ver que o desafio literário do mês de Janeiro de 2014 seria sobre Contos de Fadas e Fantasia, lembrei-me de uma pequena coleção editada pela Livraria e Editora Jacomo, que havia adquirido no ano anterior, os três pequenos e belos livrinhos azuis denominados “Contos e Lendas dos Irmãos Grimm”... Assim, resolvi fazer de seu primeiro volume minha leitura do mês! 

O primeiro volume de “Contos e Lendas dos Irmãos Grimm” possui 16 histórias, dentre as quais conhecia apenas duas – “Branca de Neve” e “Joãozinho e Margarida” (que conhecemos por “João e Maria”).  Destas a que me chamou mais a atenção foi a versão apresentada para a “Branca de Neve”, pois demonstra as várias tentativas de assassinato feitas pela madrasta da personagem principal, ocultadas na maior parte dos livros infantis. Além disso, a explicação dada ao despertar de Branca de Neve foge ao clichê do beijo do príncipe encantado e o fim dado à Madrasta é no mínimo cruel. 

Aliás, os finais trágicos para alguns dos vilões dos contos foi algo que me surpreendeu e de que mais gostei, pois antes de ter lido este pequeno livro achava que as versões dos irmãos Grimm já estivessem completamente suavizadas, como a maioria das histórias infantis que vemos atualmente. Mas não! Há ainda o espaço para certas “vinganças”, ou não exatamente isso, talvez algo como uma justiça mais rígida, de moldes mais antigos – quem ler o primeiro conto “A pastorinha de gansos” talvez entenda o que eu estou querendo dizer. Por outro lado, algumas histórias reservam finais mais suaves e felizes para aqueles que tanto mal fizeram aos personagens principais, havendo o espaço para o perdão e a reconciliação. Assim, o que mais gostei nesses contos foi haver possibilidades diferentes das que eu esperava, finais geralmente felizes para os personagens principais, é verdade, todavia seus caminhos e desfechos mostraram uma variedade inesperada. Além de existirem contos cujo grau de fantasia extrapolar o aguardado, como é o caso de “João Ouriço”... mas sem me alongar mais deixo vocês na curiosidade sobre essa e as outras tantas histórias...

Resenha: Hounded



Obra escolhida para o Desafio Literário de Janeiro
Autor: Kevin Hearne
Editora: Del Rey
Ano: 2011
páginas: 304
 

 
Não se deixe enganar pelo rosto bonito e atitude despretensiosa de Atticus O’Sullivan. Ele é na verdade um druída de 2100 anos que absorve a força da terra para manter seu poder. Atticus também é o último de sua espécie. Atualmente ele vive tranquilamente (ou o mais tranquilamente possível) no Arizona, cuidando de uma livraria esotérica, e no seu tempo livre, transformado em cão, caçando juntamente com seu lébrel irlandês. 

Centenas de anos atrás, numa disputa de poder na Irlanda ele obteve uma poderosa espada mágica: Fragarach. Agora o deus celta do amor, Aengus Óg, o persegue impiedosamente, utilizando fadas, demônios e até mesmo outros deuses mais francos para ajudá-lo a recuperar a espada. O deus está cada vez mais determinado em obter a espada, e Atticus precisará de toda sua força e inteligência, além da ajuda de seu time de advogados (um vampiro viking e um lobisomem), seu fiel cachorro, Oberon, uma deusa da guerra e uma bar tender que é o receptáculo para uma bruxa Hindu para conseguir sobreviver.
 
***

Hounded é o primeiro livro das Iron Druid Chronicles, ainda sem tradução no Brasil. Ele é um livro que se enquadra no gênero fantasia urbana, num universo onde deuses e mortais vivem no mesmo plano. Aliás, todos os deuses de todos os panteões existem e são mencionados (aparentemente Thor é um fdp e 10 entre 10 deuses e criaturas imortais o odeiam e 9 entre 10 o desejam morto e Atticus eventualmente toma chá com Maria – é, exatamente aquela, a Virgem).

O livro tem seus momentos de humor, e também tem um quê de profundidade. Um ponto alto do livro são as conversas entre Atticus e Oberon, com quem ele tem um link mental. Oberon também é um viciado em poodles franceses e Gengis Khan. O vizinho de Atticus, que o odeia apenas por não possuir um carro, também oferece momentos engraçados. Mas dos ‘mortais’, é sua vizinha, a viúva que odeia os britânicos, que ganha uma das melhores passagens do livro:


The universe is exactly the size that your soul can encompass. 
Some people live in extremely small worlds, and some live in a world of infinite possibilities. 
You have just received some sensory input that suggest its bigger than you previously thought. 
What are you going to do with that information? Will you deny it or embrace it?


                                                                                                            Atticus O’Sullivan

As cenas de batalha são muito bem escritas, deixando pouco a desejar. O livro tem um compasso rápido, e apesar de ser parte de uma série, pode ser lido sozinho. Os personagens, apesar de serem apenas vistos pelos olhos do Atticus são muito interessantes. No geral, é uma leitura leve, dinâmica e divertida, com uma boa mescla de personagens humanos e personagens místicos (que, por vezes, são mais humanos que os mortais), humor ácido e drama. Definitivamente lerei os próximos, e recomendo a quem gosta do gênero.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Resenha: Guia do Mochileiro das Galáxias


Obra escolhida para o Desafio Literário de Janeiro

Autor: Douglas Adams
Editora: Arqueiro
Ano: 2010
páginas: 156





Não entre em pânico! Essa dica, sugestão, quase uma ordem, está logo na capa do livro e é justamente a frase que consta na capa do Guia propriamente dito, que surge na história logo no início. O Guia do Mochileiro das Galáxias é uma obra escrita por colaboradores de diversos planetas, com tanta informação que ele é editado em uma geringonça eletrônica, semelhante aos nossos atuais tablets. O livro de Douglas Adams é um clássico juvenil, perfeito para nerds, fanáticos por quadrinhos e videogames, ideal para todos os fãs de sci-fi e de teorias da física quântica e relativista. É uma história repleta de um humor requintado, ironia sutil, sarcasmo delicado, personagens divertidos e capítulos curtos, de fato uma leitura empolgante e rápida ao mesmo tempo.
A obra narra a trajetória do inglês Arthur Dent, que se vê envolvido em uma aventura extraordinária e alucinante, que envolve situações totalmente bizarras e non sense, num turbilhão de episódios um mais rápido que o outro. Para uma pessoa que tem pouco conhecimento sobre astrofísica, como eu, o livro parece absurdo. Embora há pouco tempo eu tenha lido o Tao da Física, de Fritjof Capra, e pude perceber que os loucuras descritas no livro, com nomes engraçados e críticos, possuem algum embasamento científico.

O livro é bastante respeitado pelos críticos literários e pelo público de modo geral, em minha opinião, é um excelente livro. Não sei se o teria aproveitado tão bem na minha adolescência – público alvo do autor – já que com uma carga maior de leitura, pude fazer analogias interessantes e mesmo perceber as ironias e críticas à nossa sociedade. Mas é um livro altamente recomendável para qualquer faixa etária, dos 10 aos 110 anos.

Com um humor refinado, o autor brinca com o Universo e com as questões fundamentais do ser humano: quem somos nós? Para onde estamos indo? O que é a existência? E o mais divertido é que essas questões, tão relevantes, saíram do intelecto do terceiro ser mais inteligente do planeta Terra, os seres humanos. Terceiro? Sim! Nossa inteligência fica logo abaixo dos golfinhos e dos mais inteligentes de todos, seres multidimensionais, que são os ratos! Eu tenho um ratinho de estimação e digo que o autor foi genial nessa brincadeira. Segundo ele, os ratos de laboratório em especial são os que fazem experiências com os cientistas e não o contrário.

O livro tem personagens divertidos e bem elaborados, o protagonista, Arthur Dent, é um típico britânico apreciador de chá, cheio de fleuma e mesmo nos momentos mais histéricos, suas reações são contidas. Arthur tem poucos amigos, dentre eles, um ator desempregado, que é na realidade um extraterrestre, Ford Prefect, redator correspondente para o Guia, que veio até a Terra escrever um verbete sobre esse lugar tão desinteressante da Galáxia, e acabou preso aqui por quinze anos, pois não havia ninguém por aqui capaz de lhe dar uma carona de volta. A aventura começa no dia em que a casa de Arthur está para ser destruída e não apenas sua casa, como também seu planeta. Será que Arthur consegue seguir a sugestão do Guia e não entrar em pânico? Quem ainda não leu, convido a ler e confesso que estou intrigada para ler os demais volumes dessa trilogia de cinco.

Resenha: As Melhores Histórias da Mitologia Celta




Obra escolhida para o Desafio Literário de Janeiro

Autor: A. S. Franchini
Editora: Artes e Ofícios
Ano: 2011
páginas: 256




Dividido em dois blocos (Lendas Irlandesas e Lendas Galesas), o livro começa abordando as seis divisões da Irlanda para introduzir temas como o rapto da harpa mágica, o mão de prata, o mingau de Dada, a rixa do touro (I e II), e Finn e o salmão do conhecimento. Com glossário, para facilitar a leitura, a obra de A.S. Franchini acompanha as histórias – em especial os ciclos heroicos – criadas e legadas pelos celtas em suas andanças por terras que hoje se denominam Bélgica, Itália, Espanha, França, Grã-Bretanha e Irlanda, onde se fixaram. É referência para a parte 2 do livro a obra Mabinogion, em que Lady Charlotte Guest reuniu, no século XIX, as principais lendas galesas.

Até agora o melhor livro sobre lendas celtas que encontrei. As histórias são curtas e simples. Porém o autor abusa da linguagem informal, principalmente nas últimas lendas irlandesas. Em algumas partes essa linguagem informal faz com a história fique desinteressante e sem graça. Entretanto na maioria dos contos a leitura flui bem e é possível ignorar o resto.
Quase não conhecia as lendas galesas porque eles remetem muito aos mitos arturianos dos quais não sou muito fã, mas os mitos retratados são muito interessantes apesar dos nomes impronunciáveis e das histórias convolutas. O único mito que não gostei (e que tem grande participação de Arthur e seus cavaleiros) foi o de Culhwch, o "Hércules" galês. É um conto muito enrolado e pouco interessante.
Uma ótima leitura pra fãs de mitologia.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Desafio literário Janeiro 2014 - Fantasia/Conto de Fadas



Você sabe o que é um Desafio Literário? O Desafio consiste na escolha de um livro para ser lido por mês, sendo um gênero literário diferente para cada mês, com o objetivo de debater sua experiência literária com os demais participantes do Desafio. Abrimos o ano e o blog com um Desafio Literário, o qual consiste em escolher uma obra por mês do gênero ou subgênero literário para ler em questão e debater entre os demais participantes do grupo.
Janeiro é o mês da Fantasia/Fantástico e/ou Contos de Fadas. Alguns podem perguntar: “mas contos de fadas também não é fantasia?” Também, contudo essas obras chegaram a um ponto em que os estudiosos passaram a considerá-lo um gênero à parte de fantasia.
Para fundamentar e discutir sobre gênero literário, demandaria tempo e um pouco mais de pesquisa, mas procuraremos dar uma breve explicação de cada tema escolhido para nossas leituras. Caso haja algum conflito de informação ou esteja errônea, estamos abertos a críticas construtivas.
É válido dizer que muitas obras podem ser classificadas em diversos gêneros, por isso, é provável que encontremos resenhas de livros que poderiam ser infanto-juvenis, ou aventura, entre outros. Por isso, devemos considerar se o enredo principal abarca mais de uma característica do gênero em questão.

Contos de Fadas
Resumidamente falando, e partindo do senso comum, os contos de fadas nada mais é que uma variação dos contos populares e fábulas.
Em geral, suas histórias iniciam com um “Era uma vez...” e possui uma narrativa mais curta, por ter como público-alvo as crianças. Apesar de a maioria dos contos de fadas envolver magia e coisas fantásticas, suas histórias têm um núcleo existencial, abordando situações cotidianas e que procuram dar uma lição de moral em seu leitor. É também possível verificar que os personagens se encontram em situações conflitivas, enfrentando seus medos, indo em busca dos sonhos, deparando-se com o bem e o mal, o certo e o errado.

O Fantástico
Segundo o Michaelis, o termo “fantástico”, originado do grego phantastikós, significa “1 Que só existe na fantasia; imaginário. 2 Que apenas existe na imaginação. 3 Incrível. 4 Caprichoso. sm O que só existe na imaginação”.
Ou seja, este gênero refere-se à narrativa elaborada pelo imaginário, por uma dimensão supostamente inexistente na realidade convencional, que não existe na realidade. Muitas histórias podem se encaixar nessa descrição, por isso é válido dizer que temos alguns subgêneros da literatura fantástica, tais como: ficção científica, fantasia e terror.
Na literatura, por mais que o escritor procure aproximar o leitor a essa “realidade fantasiosa” estará limitado ao fantasioso e ao ficcional. Todo texto fantástico possui elementos inverossímeis, imaginários, distantes da realidade dos homens. Jorge Luis Borges defende ser uma causalidade de caráter mágico ligando os acontecimentos ao decorrer de uma narrativa desse tipo.
Deve-se perceber que a característica marcante desse gênero é que o elemento fantástico não necessita de uma explicação científica ou tecnológica, podendo ser justificado por magia ou qualquer outro fenômeno fora da normalidade.
Apesar de bastante aceito entre fãs e estudiosos do gênero, este argumento não é universal. Um exemplo que quebra esta regra são as histórias infantis, que, apesar de possuírem todos os elementos da fantasia, são consideradas em gêneros como fábulas, entre outros.
Deve-se frisar que há alguns subgêneros do fantástico, e seria muito extenso falar sobre eles. Para nosso desafio, como esse gênero possui vários ramos, veremos resenhas de livros que abordam o mitológico, a ficção científica, entre outros.

As fontes utilizadas, além do grande literato Massaud Moisés, utilizei “verbetes” da Wikipedia, contudo, estão muito bem referenciados, por isso adotei este site.

Referências
MOISÉS, Massaud. Dicionário de termos literários. São Paulo: Cultrix, 1998.
WIKIPEDIA. Literaturafantástica. Acesso em: 20 jan. 2014.
WIKIPEDIA. Fantasia (gênero). Acesso em: 20 jan. 2014.
 WIKIPEDIA. Contos de fadas. Acesso em: 20 jan. 2014.

Resenhas publicadas destes temas:

Guia do Mochileiro das Galáxias
As melhores histórias da Mitologia Grega
Houded
Contos e Lendas dos Irmãos Grimm
Mágico de Oz