quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Resenha: A Dança dos Dragões


Obra escolhida para o Desafio Literário de Janeiro  
Autor: George R. R. Martin  
Editora: Leya
Ano: 2012
páginas: 872






Confesso que sempre passei longe das prateleiras de literatura fantástica, seja por que nunca me despertou interesse, seja porque sempre achei que o drama humano, da vida real, trouxesse histórias mais densas e interessantes. Ledo engano.


Posso dizer que meu preconceito com relação ao gênero foi varrido de vez com a série “Crônicas de Gelo e Fogo” de George R.R. Martin. Talvez por que o autor tenha sido extremamente habilidoso em harmonizar os elementos fantásticos da narrativa com a densificação dos conflitos internos de seus personagens (muito embora, muitos deles não sejam humanos no sentido literal da palavra).

A Dança dos Dragões é o quinto volume da série “Crônicas de Gelo e Fogo” e retoma a história a partir do ponto em que termina o livro três, “A Tormenta de Espadas”. Martin deixa claro que os acontecimentos de “A Dança dos Dragões” ocorrem paralelamente àqueles narrados em “O Festim dos Corvos” (Livro quatro), porém enquanto este foca os acontecimentos de Porto Real, das Ilhas de Ferro e Dorne, aquele procura dar enfoque ao Norte, à Muralha e às Terras do Mar do Verão (Valíria).

A despeito das mais de 800 páginas do livro, a leitura é bastante fluida. A opção narrativa de Martin em atribuir cada capítulo às percepções de um personagem (os chamados “PDV” – Pontos de vista), torna a trama rápida e instigante. Em “A Dança dos Dragões” a história é essencialmente narrada desde as perspectivas de Daenerys Targaryen, Jon Snow, Tyrion Lannister e Bran Stark, o que, por si só, torna a leitura instigante, já que se tratam, creio eu, dos personagens mais populares da série.

            O que mais impressiona em Martin é a sua capacidade de frustrar expectativas, de guiar o leitor por um caminho para, logo em seguida, mudar todo o rumo do enredo. Aliás, ao longo da leitura dos livros da série, é possível perceber que uma das maneiras (sádicas) adotadas pelo autor para a manutenção da imprevisibilidade da série é a retirada de personagens, pelos quais você nutriu vínculos, do tabuleiro.

            Esqueça aquela história de que personagens principais são intangíveis à morte. Já disse Cersei Lannister “Quando se joga o jogo dos tronos, você vence ou você morre. Não existe meio-termo”.

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